segunda-feira, maio 31, 2010

Psicopatas: fantasias assassinas


         Personalidades psicopáticas constumam se caracterizar por uma grande necessidade de fantasias. Eles fantasiam tudo que vão fazer e têm prazer especial com o planejamento de seus crimes. A fantasia deve continuar depois do crime, razão pela qual muitos guardam lembranças de suas vítimas. Partes do corpo, objetos ou fotos ajudam o psicopata a rememorar os momentos do crime.
         Jeffrey Dahmmer tirava fotos de seus assassinatos.
         Na ficção, em um dos episódios de Arquivo X, o psicopata recolhia objetos das vítimas que pretendia matar. No livro Insônia, Stephen King fala de uma espécie de psicopata fantasma, que tinha uma casa cheia de recordações de suas vítimas.
         É também muito comum em psicopatas históricos de momentos de solidão, em alguns casos por iniciativa própria, em outros uma solidão forçada, em que os psicopatas se divertiam fantasiando sobre seus futuros crimes.
         Big Ed, por exemplo, era trancado no porão por sua mãe, que temia que ele molestasse as irmãs, e passava os dias fantasiando.
         Essas fantasias geralmente são de controle. Como diz Hannibal no filme Silêncio dos Inocentes, o assassinato é só uma consequência, algo fortuito. O assassinato serve ao propósito da fantasia de controle, tanto que muitos só matam suas vítimas quando percebem que não podem mais brincar com elas seu jogo de controle. Outros matam porque não se sentem totalmente no controle enquanto o outro não estiver morto. Depois começam a se divertir.
         Psicopatas comunitários têm fantasias nas quais são grandes políticos, empresários, artistas, pessoas de sucesso, e trazem essa fantasia para a realidade, como Marcelo Nascimento da Rocha, que fingia ser policial.

domingo, maio 30, 2010

As capas francesas de Perry Rhodan

Um interessante vídeo com as primeiras capas francesas de Perry Rhodan. Achei muito bonitas e modernas. Algumas me lembraram Moebius.

Música do dia



Geração 70 
Taiguara

Nós estamos inventando a vida
Como se antes nada existisse
Porque nascemos hoje do nada
Porque nascemos hoje do amor

Nós estamos descobrindo os corpos
Como a manhã descobre as imagens
Como o amor descobre a verdade
Como a canção descobre uma flor

Nós queremos desvendar a tempo
Esse mistério azul de oxigênio
Esse desejo imenso de sexo
Essa fusão de angústias iguais

E nós vamos resistir sem medo
A solidão de um tempo de guerras
E nossos sonhos loucos e livres
Vão descobrir e celebrar a paz.

sexta-feira, maio 28, 2010

Os quadrinhos e o castelo do Graal

No livro HE, o psicólogo norte-americano Robert Johson explica a psicologia masculina através do mito da busca do Santo Graal. O personagem principal é o jovem Percival, um cavaleiro da Távola redonda.

Certo dia, durante suas andanças, ele entrou em um castelo belíssimo e imponente. Era ali que estava o Santo Graal, o cálice usado por Jesus durante a última ceia.
Todos o recepcionaram muito bem e ele se sentiu feliz e maravilhado com os poderes do Graal. O cálice podia, por exemplo, fazer surgir a comida que o convidado desejasse. E podia também curar qualquer ferida.

Na manhã seguinte, quando acordou, ele não encontrou mais ninguém no castelo. Estava completamente abandonado, e ele teve de ir embora.
Percival passaria o resto de sua vida tentando encontrar novamente o castelo do Graal.
Para Robert Johnson, o episódio é uma metáfora de algo que ocorre com todos os jovens durante a fase da pré-adolescência.
Essa é uma fase particularmente difícil, pois o menino não é mais uma criança, mas ainda não é adulto.
Todos os meninos entram no castelo do Graal ao menos uma vez na vida e essa experiência irá marcá-los pelo resto da vida. Assim como Percival, eles passarão o resto da existência tentando voltar para o castelo.
O que tudo isso tem a ver com quadrinhos?
Pare para pensar. Se tem mais de vinte anos e continua gostando de quadrinhos é porque há uma boa lembrança associada a eles.
Em outras palavras: muitas pessoas - e eu entre elas - entraram no castelo do Graal graças aos quadrinhos.
Tenho conversado leitores de gibis e todos eles têm algum episódio semelhante ao de Percival.
José Aguiar, desenhista da Manticore, saía de casa todos os dias de manhãzinha com sua bicicleta e ia direto para um sebo próximo de sua casa, onde ele comprava ou trocava gibis.
Essa experiência o marcou profundamente e eu não tenho dúvida nenhuma de que esse foi um dos fatores que o influenciaram a se tornar desenhista.

Lembro que quando estávamos na sétima série a revista preferida de todos era a Superaventuras Marvel. Nós sabíamos a data em que ela chegava nas bancas e saíamos correndo para ver quem chegava primeiro.
Como tinha pouco dinheiro para comprar gibis, eu usava de um estratagema. Eu conhecia um sebo que ficava próximo da Igreja e que vendia revistas a preço de banana. Eu passava lá todo Domingo e comprava as Heróis da TV, que uma amigo da escola colecionava. Depois eu vendia para ele, pelo dobro do preço, mas antes eu lia e relia a revista e esses momentos eram tão sagrados que me faziam esquecer a chateação que era ser obrigado a ir à igreja.
Aquela experiência - comprar a revista e nem esperar chegar em casa para começar a lê-la - era uma verdadeira entrada no castelo do Graal.
Só com a saga da Fênix foram centenas de entradas no castelo do Graal, até porque os X-Men, assim como a busca do Cálice Sagrado, são um mito sobre o fim da infância (prometo falar sobre isso em outro artigo).
Cada vez que eu leio uma HQ é como se eu estivesse voltando àquela época mágica da pré-adolescência.
E quando escrevo histórias, fico imaginando que talvez eu esteja proporcionando a outros garotos as mesmas sensações que eu sentia lendo quadrinhos.
É interessante notar que o tipo de quadrinho que você lê na pré-adolescência vai influenciar seu gosto pelo resto da vida.
O desenhista Antonio Eder odeia super-heróis. Também, pudera: ele passou toda a pré-adolescência lendo revistas Kripta e nesse período nunca botou os olhos num gibi de super-heróis.
O desenhista Bené Nascimento (Joe Bennet) passou essa fase lendo HQs do Jack Kirby. Hoje ele compra qualquer coisa sobre o velho Jack, até caríssimos fanzines importados.
Pare um instante e pense. Se você gosta de quadrinhos, é bastante provável que você tenha, em algum momento, entrado num castelo do Graal feito todinho de histórias em quadrinhos.

quinta-feira, maio 27, 2010

Psicopatas: A vítima é um objeto


          Outra característica dos psicopatas, tanto os assassino quanto dos psicopatas comuntiários, que vivem de golpes, é a forma como eles encaram suas vítimas. Para eles, todos são objetos e não pessoas. A transformação da pessoa em coisa é que permite a eles aplicarem seus golpes ou simplesmente matarem suas vítimas.
         O filme A Cela mostra um psicopata que transforma suas vítimas em bonecas, coisificando-as.
         Existe uma grande quantidade de relatos de psicopatas que destroem o rosto de suas vítimas ou simplesmente cortam a cabeça como forma de tirar delas a condição de ser humano.      
          Big Ed decapitava suas vítimas. Ted Bundy destroçava o rosto das mulheres que tinham o azar de se deparar com ele.
         No filme O silêncio dos Inocentes a senadora que teve a filha sequestrada por um psicopata faz uma declaração na TV na qual fala repetidamente o nome da filha, numa tentativa de impedir que o assassino a veja como uma coisa.
       

segunda-feira, maio 24, 2010

Capítulo novo dos Exploradores do Desconhecido

Os fãs da série Exploradores do Desconhecido têm uma boa notícia: este mês  a série escrita por mim e desenhada pelo grande Jean Okada teve duas atualizações. Para acessar, clique aqui.

domingo, maio 23, 2010

Psicopatas: sob controle


         A necessidade de controle é uma das características básicas de psicopatas. Todo psicopata é obcecado pela idéia de controlar outras pessoas.
            Jeffrey Dahmer, por exemplo,  injetava ácido no cérebro de suas vítimas na tentativa de transformá-las em zumbis escravos sexuais.
         A maioria dos psicopatas mantém a vítima presa por longos períodos antes de matá-la. Nesse período, a vítima é humilhada e degradada para mostrar quem está no comando. O ritual que os psicopatas costumam fazer suas vítimas seguirem é uma forma de firmar esse controle.
         Recentemente foi descoberto na Áustria o caso de um psicopata que seqüestrou uma menina e a manteve prisioneira em seu porão durante oito anos. Durante oito anos ele se sentiu plenamente no controle da situação, dominando completamente a pobre menina.
         Alguns psicopatas só sentem que têm controle sobre a vítima depois que estão mortas, então a matam e depois começam seu ritual.
         Percebe-se a procura de controle por parte do psicopata na escolha do local, do roteiro a que ele submete as vítimas, das armas que ele traz consigo e do tipo de mutilação.
         Dayton Leroy Rogers atacou uma menina de 15 anos com uma faca. Foi preso e colocado num programa de reabilitação. Tempos depois, começou a matar prostitutas. Ele as levava a locais remotos da floresta. Então amarrava as vítimas e iniciava um ritual de humilhação detalhado e metódico. Havia falas de texto que elas deveriam declamar. Ele retalhava seus pés e seios e se masturbava sobre eles. Essa era sua forma de mostrar que estava no controle.
         O gigante Big Ed costumava andar com a cabeça de suas vítimas no porta-malas de seu carro, mesmo quando ia se encontrar com policias ou com o psicólogo da custódia, como forma de mostrar para si mesmo que estava no controle.
Essa necessidade de controle faz também com que psicopatas se aproximem de pessoas que exercem funções de controle na sociedade. Policiais, políticos e altos executivos são amigos preferenciais de psicopatas. Big Ed, por exemplo, era amigo de todos os policias da cidade onde praticava seus crimes e tinha uma moto e um carro parecidos com os da polícia. 

sábado, maio 22, 2010

Revista dá espaço para novos autores de literatura fantástica

Uma boa notícia é a criação da revista Fantástica, dedicada apenas aos autores nacionais. A literatura de fantasia, ou fantástica, é uma das que mais fazem sucesso hoje, mas as editoras convencionais preferem não investir em autores brasileiros. Assim, iniciativas como essa são valiosas para mostrar aos leitores que existem sim, bons escritores nacionais nesse gênero. Para acessar, clique aqui.

Revista História: imagens e narrativas

Hoje já existem muitas pesquisas sobre o assunto e um dos focos de pesquisadores é a revista História: imagens e narrativas, que, no número 10, traz diversos artigos com análises de quadrinhos, inclusive um muito interessante sobre a Promethea, de Alan Moore. No editorial da revista, o editor Carlos Hollanda fala dessa mudança de mentalidade e cita minha dissertação de mestrado: 
 
Hoje nem tudo mudou. A mesma "literatura de segunda categoria" continua sendo tida como perda de tempo. No entanto, ao menos nos campos de Artes, Letras e Comunicação, com algumas incursões em História e Antropologia, há vários estudos sérios sobre o assunto. Muitos deles visam demonstrar o modo como as representações visuais e literárias dos quadrinhos mexem com o imaginário, promovem ideologias e até estimulam o interesse em pesquisas científicas, como é o caso da dissertação de mestrado de Ivan Carlo Andrade de Oliveira (Gian Danton), "A divulgação científica nos quadrinhos: o caso Watchmen".

30 anos de império contra-ataca

O segundo e melhor filme da saga Guerra nas estrelas está comemorando 30 anos. Para saber mais, clique aqui.

Lançamento Boca do Inferno.com # 6

Márcio Baraldi
Diretamente das catacumbas do Quadrinho de Terror Nacional, acaba de sair mais um horripilante número do gibi "Boca do Inferno.com", apresentando grandes artistas do cenário brasileiro dos Quadrinhos. Esta edição apresenta, com destaque, “Penitência”, a formidável personagem criada por Marcos Franco, aqui numa história acachapante escrita pelo próprio Franco, e ilustrada por Jáder Correia.
E mais: “Zumbi”, escrita pelo grande Gian Danton e ilustrada com a categoria de E. Thomaz; “Superstição”, escrita e ilustrada porMarcos Valério Alves David; e uma HQ ilustrada pelo mestre dos Quadrinhos José Menezes, especialmente para esta edição, adaptação de um conto de Marcel Proust: “O Estrangeiro”. Leia mais

Psicopatas: vidas de mentira

A principal característica de um psicopata é a mentira. Todas as pessoas mentem, em uma situação ou outra, mas os psicopatas mentem o tempo todo, às vezes só pelo prazer de mentir, sem ganhar nada em troca, e é comum que eles mesmo acreditem em suas próprias mentiras. As mentiras são aliadas a uma grande capacidade de convencimento. Eles são capazes de dizer que já saltaram de para-quedas para logo em seguida dizer que nunca andaram de avião e ainda assim convencerem os interlocutores.
Eles não só se contentam em dizer que são neurocirurgiões ou advogados. Eles usam e abusam dos termos técnicos das profissões que fingem ter.
Alessandro Marques Gonçalves fingia que era médico e, forjando documentos, conseguiu empregos em três grandes hospitais de São Paulo. Quando foi descoberto, em 2006, já havia aleijado 23 pessoas e é suspeito da morte de 3. "Ele usa termos técnicos e fala com toda a naturalidade. Realmente parece um médico", disse o delegado que o prendeu.
Marcelo Nascimento Rocha fingiu ser filho da companhia aérea Gol e enganou diretores de novelas, atrizes, repórteres. Dono de muita lábia e simpatia, ninguém jamais desconfiou que ele não fosse quem dizia ser.
A professora carioca Ana (nome fictício) conheceu um rapaz que parecia ser o sonho de toda mulher: era bonito, atencioso e dizia ser diretor de uma multinacional, por isso vivia viajando para os EUA e Europa. "Em 5 meses a gente estava quase se casando, então a mãe dele revelou que era tudo mentira, que o filho dela enganava as pessoas desde criança. Depois que descobri as mentiras que ele me contou, passei um tempo me perguntando como tinha sido tão burra para acreditar naquilo.".
Ted Bundy costumava fingir que estava com o braço engessado e pedia ajuda de suas vítimas para levar livros até seu carro. Quando elas estavam sem ter como reagir, ele as atacava. Aparentemente nenhuma vítima jamais desconfiou que ele estava fingindo.
Além da incrível capacidade para mentir (ou incapacidade para dizer a verdade), os psicopatas são envolvidos por uma aura de simpatia e magnetismo.
Mesmo tendo matado e mutilado dezenas de mulheres, Ted Bundy tinha um fã clube que protestava contra seu julgamento e, na prisão, acabou se casando com uma fã.
Essa máscara de sociabilidade é criada para torná-los pouco suspeitos. Seu charme faz com que eles se saiam bem em entrevistas de emprego e acredita-se que haja muitos psicopatas espalhados em profissões como políticos, altos executivos e policiais.
Ted Bundy era um político respeitado e muitos acreditavam que ele seria candidato ao governo da Califórnia, antes de serem descobertos seus crimes.
John Wayne Gacy Júnior era membro do conselho católico inter-clubes, membro da defesa civil de Ilinois, capitão comandante da defesa civil de Chicago, membro da Sociedade dos Nomes Santos, Homem do Ano, presidente do Jaycees (sociedade beneficente), tesoureiro do partido democrata. Quando a primeira dama Rosalind Carter visitou a cidade de Chicago, fez questão de tirar fotos com ele. Todas as pessoas que o conheciam estavam certos de que ele seria candidato a algum cargo pelo partido Democrata. Além disso, Gacy Júnior costumava vestir-se de palhaço para alegrar crianças em hospitais. O tipo de homem que qualquer mãe deixaria cuidando de seu filho... até encontrarem seu porão cheio de corpos de garotos.
Esse verniz de civilidade faz com que constantemente as autoridades estejam muito perto de prendê-los, mas não o façam, mesmo depois de interrogá-los. O psicopata parece alguém acima de qualquer suspeita.
O charme e a capacidade de mentir despudoradamente faz com que eles conquistem a confiança de chefes, que demitem aqueles que atrapalham a ascensão profissional do psicopata.
Exemplo disso é Dave, um executivo de uma empresa de tecnologia. Logo na primeira semana de trabalho, o chefe notou que ele gastava mais tempo fazendo picuinhas entre funcionários do que trabalhando. Além disso, ele plagiava descaradamente relatórios de colegas. Quando o chefe recomendou sua demissão, Dave foi reclamar na Diretoria e acabou conseguindo a demissão do chefe. Com sua lábia, ele passou dois anos no emprego antes de descobrirem os que ele estava causando um enorme rombo na empresa.
O psicólogo Paul Babiak, autor do livro Snakes in suits - when psychopaths go to work (cobra de terno - quando os psicopatas vão trabalhar) diz que muitas grandes empresas têm em seu quadro de funcionários psicopatas: "O poder e o controle sobre os outros tornam grandes empresas atraentes para psicopatas".

sexta-feira, maio 21, 2010

Um clássico de Bolywood

Super-homem e Mulher-aranha juntos! Dançando! E com o pior croma que já vi na minha vida! Um clássico eterno da tosqueira!

A capa do livro Introdução à cibernética

Meu mais novo lançamento é o livro Introdução à cibernética, que deverá sair da gráfica até o início do mês de junho. Hoje recebi a capa, que reproduzo abaixo, junto com o texto da contracapa.


A cibernética, embora esteja, hoje em dia, mais associada à informática, surgiu como uma ciência que se interessava em pesquisar o processo de comunicação homem-homem, máquina-máquina e homem-máquina através de uma visão total, que relacionasse as partes com o todo. O conceito de feedback, essencial para a cibernética, influenciou todos os estudos comunicacionais posteriores. Além disso, sua visão holística tornou-se a base da teoria do pensamento complexo, de Edgar Morin.   
Além de fazer um resgate histórico da cibernética, este livro trata de assuntos essências para os que pretendem se aprofundar no estudo da comunicação, como o processo de comunicação, informação, redundância e códigos.

Psicopatas: uma mente peversa


            Você provavelmente não sabe, mas conhece pelo menos um psicopata. Especialistas acreditam que até 3% da população pode ser composta de pessoas com esse tipo de transtorno de personalidade. Isso significa que a cada trinta pessoas, uma é psicopata. E, o mais importante: é aquele que você menos desconfia.
            A maioria das pessoas quando pensa num psicopata, pensa num louco assassino, de cabelos despenteados e cara de mau. Alguém de quem você certamente fugiria se encontrasse numa rua deserta à noite. As ilustrações de Jack, o estripador, refletem essa idéia. Ele geralmente é mostrado com os olhos esbugalhados, a boca distoricida, uma faca na mão e outra contraída em esgar de raiva e ódio. Na verdade, no caso de Jack e da grande maioria dos psicopatas, essa imagem é a mais distante possível da realidade. As prostitutas que foram vítimas de Jack sabiam dos outros assassinatos e não deixariam se aproximar qualquer pessoa suspeita. Além disso, a situação em que ocorreu os crimes demonstra que as vítimas confiavam no assassino. Uma delas até comeu uvas oferecidas por ele.
            Quando a canadense Leslie Mahaffy chegou em casa depois de uma festa e descobriu que os pais tinham deixado a porta fechada, achou que estava com sorte ao encontrar um rapaz de boa aparência e educado, que se ofereceu para ajudá-la. Ela foi com ele até sua casa, onde acabou trancafiada e serviu de escrava sexual durante duas semanas antes de ser morta, esquartejada e colocada em blocos que concretos que seriam jogados em um lago. 
            A literatura criminal mostra que psicopatas são pessoas simpáticas, acima de qualquer suspeita, pois sabem que se revelarem sua verdadeira face, serão presos imediatamente. Assim, adotam uma máscara social. 
            A grande maioria dos psicopatas nunca vai matar, mas viverá de enganar e destruir a vida de outras pessoas. "Eles andam pela sociedade como predadores sociais, rachando famílias, se aproveitando de pessoas vulneráveis e deixando carteiras vazias por onde passam", diz o psicólogo canadense Robert Hare, uma das maiores autoridades mundiais no assunto.
            Hare começou a se interessar pelo tema quando, recém-formado, arranjou um emprego no presídio de Vancouver. Sua função era atender presos com problemas psicológicos e montar perfis psicológicos para pedidos de condicional. Lá ele conheceu um preso chamado Ray. Era simpático, contava histórias envolventes e tinha um sorriso e que fazia qualquer um confiar nele. E o psicólogo confiou. Certo de que o preso estava dedicado a ter uma vida correta, ele o ajudou a passar para serviços melhores dentro da prisão, como a cozinha. Os dois ficaram amigos, até que Hare descobriu que Ray usava a cozinha para produzir bebidas alcoólicas e vender aos colegas. Os funcionários do presídio alertaram o psicólogo para o fato de que ele não foi o único a cair no golpe. Pouco tempo depois, o psicólogo viu a verdadeira face do psicopata: o gente boa Ray sabotou os freios de seu carro, o que quase provocou sua morte.
            A maioria dos criminosos demonstra uma preocupação responsável por seus amigos e parentes. Os psicopatas não se importam com ninguém e não criam laços afetivos.
            Henry Lee Lucas confessou que aos 13 anos estrangulou uma mulher que se recusou a fazer sexo com ele. Nos 32 anos seguintes, ele sufocou, apunhalou, baleou ou mutilou cerca de 360 pessoas, entre mulheres, homens e crianças. Nos últimos seis anos de seu reinado de terror ele se aliou a outro psicopata, Elwood Toole, que matou cerca de 50 pessoas que achava que não mereciam viver. Tudo acabou quando Lucas apunhalou e esquartejou a mulher de 15 com quem vivia, sobrinha de Toole.
            Donald S. apresentava características desse distúrbio de personalidade desde muito jovem. Na escola, seu comportamento perto de um professor, ou de outra autoridade, era exemplar, mas quando estava longe dos olhos dos adultos, arranjava encrencas para si ou para os outros. Embora continuamente se suspeitasse que fosse ele, sua personalidade carismática fazia com que ele conseguisse se livrar facilmente das acusações. Quando criança, seu comportamento real incluía a mentira, roubos e mal-tratos a crianças menores.
            Quando se tornou adulto, passou a viver bem usando uma combinação de charme, atração física e identidade falsa para se manter. Aos 17 anos, passou a falsificar o nome do pai em cheques e viajou pelo mundo. Aos 22 anos, casou-se com uma mulher de 41e esse passou a ser seu modus operandi: ele se casava, deixava que a mulher o sustentasse por meses e, quando se cansava dela, a abandonava para procurar outra vítima. Donald não sentia remorsos ou se preocupava com a dor de suas vítimas. Ele considerava seu comportamento prático e sensato.
            O marechal de campo nazista Hermann Goering tinha vários traços de psicopatas. Buscando estimulação, ele se transformou em piloto de caça. Era impulsionado pela missão de exterminar judeus e comandou a morte de milhões deles nos campos de concentração, sem, no entanto, sentir remorso ou culpa. Apesar desse lado selvagem, a maioria das pessoas o considerava genial, generoso e de boa natureza. 

quinta-feira, maio 20, 2010

"Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta. " (Chico Xavier)

terça-feira, maio 18, 2010

Mais imagens do Astronauta

O JJ Marreiro liberou mais algumas imagens do nosso Astronauta, que será publicado no MSP+50, em homenagem ao Maurício de Sousa. Agora, já com cores. A última ilustração é uma referência ao podcast Matando robôs gigantes, que deu grande espaço à nossa versão. Com vocês, o Astronauta de JJ Marreiro e Gian Danton:

Morreu uma heroina da II Guerra

Recebi por e-mail. Irene Sendler de fato existiu (leia mais sobre ela na Wikipedia) e salvou milhares de crianças judias. E perdeu o Nobel da Paz para Al Gore e seu slide show.  Que não seja esquecida.


Uma senhora de 98 anos chamada Irena faleceu há pouco tempo.   

Durante a 2ª Guerra Mundial, Irena conseguiu uma autorização para trabalhar no Gueto de Varsóvia, como especialista de canalizações. 

Mas os seus planos iam mais além... Sabia quais eram os planos dos nazis relativamente aos judeus (sendo alemã!)   

Irena trazia meninos escondidos no fundo da sua caixa de ferramentas e levava um saco de sarapilheira, na parte de trás da sua camioneta (para crianças de maior tamanho). Também levava na parte de trás da camioneta, um cão a quem ensinara a ladrar aos soldados nazis quando entrava e saia do Gueto.   

Claro que os soldados não queriam nada com o cão e o ladrar deste encobriria qualquer ruído que os meninos pudessem fazer. 
Enquanto conseguiu manter este trabalho, conseguiu retirar e salvar cerca de 2500 crianças.   

Por fim os nazis apanharam-na e partiram-lhe ambas as pernas e os braços e prenderam-na brutalmente.   

Irena mantinha um registo com o nome de todas as crianças que conseguiu retirar do Gueto, que guardava num frasco de vidro enterrado debaixo de uma arvore no seu jardim.   

Depois de terminada a guerra tentou localizar os pais que tivessem sobrevivido e reunir a familia. A maioria tinha sido levada para aa câmaras de gás. Para aqueles que tinham perdido os pais ajudou a encontrar casas de acolhimento ou pais adoptivos.   

No ano passado foi proposta para receber o Prémio Nobel da Paz... mas não foi seleccionada. quem o recebeu foi Al Gore por uns dias positivos sobre o Aquecimento Global 

Não permitamos que mais uma vez, esta Senhora seja esquecida!! 

segunda-feira, maio 17, 2010



"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora a fazer um novo fim"

Chico Xavier

domingo, maio 16, 2010

O caso Maristela Just

Há 21 anos, José Ramos matou a ex-mulher e atirou nos dois filhos e no cunhado. Está solto até hoje, graças a manobras jurídicas. O pai, advogado, em declaração a uma rádio, disse que tinha orgulho do filho e que, se ele não matasse, não comia em sua mesa. Sob orientação do pai, ele não compareceu ao julgamento, que começaria dia 13. Resultado: mais um adiamento.
A impunidade é lamentável, uma triste história para a justiça brasileira. Mais triste ainda a fala do pai do assassino, que incentiva o crime. Para saber mais sobre o assunto, clique aqui.

sábado, maio 15, 2010

quinta-feira, maio 13, 2010

O mago

Paulo Coelho é um dos escritores mais lidos do mundo. Já vendeu mais de 100 milhões de livros. É o escritor vivo mais traduzido do planeta. Já foi homenageado por reis, rainhas, xeiques e presidentes, sendo tratado como popstar. No entanto, é linchado pela crítica literária brasileira. Uma figura tão contraditória acaba se tornando um personagem tão ou mais interessante que seus personagens. Assim, não é surpresa que Fernando Morais tenha tido a ideia de escrever sua biografia. 

Seguindo uma fórmula já consagrada por Fernando Morais, O mago (Planeta, 2008, 632 págs.) começa de maneira não cronológica: Paulo Coelho, já famoso, desce no aeroporto de Budapeste e não encontra ninguém. Nessas primeiras páginas o leitor já percebe que não se trata de uma biografia chapa-branca (feita para engrandecer o biografado). Enfezado, ele liga para um assistente e rosna: "Não há ninguém à minha espera em Budapeste! Sim! Foi isso mesmo que você ouviu". E repete cada palavra, lentamente, martelando-as na cabeça do interlocutor. Depois desliga sem se despedir. Então ouve um barulho e, ao se virar, abre um sorriso de felicidade: uma multidão de repórteres e fãs se aproxima. 

Algumas das facetas de Paulo Coelho já estão ali, nesse capítulo: a arrogância (que fez com que ele perdesse um emprego, na década de 1970) e o fascínio pelo sucesso, a ganância pelo dinheiro. 

Paulo Coelho é do tipo que faria qualquer coisa pela popularidade (até mesmo vender sua alma ao Diabo, como de fato fez, na década de 1970). Seu sonho, desde os mais tenros anos, era se tornar um escritor mundialmente famoso. Ainda adolescente ele fazia planos sobre como realizar seu sonho. Em seu diário, ele anotava providências, como descobrir quem eram os editores de cultura dos grandes jornais e mandar-lhes textos, comparecer a noites de autógrafo e estreias de teatro travando conhecimento com os autores famosos e tentando conseguir um padrinho. 


Apesar de todas as tentativas de fazer sucesso como escritor, Paulo Coelho só se tornaria famoso mesmo ao conhecer o músico Raul Seixas. Muitos dos detratores do escritor dizem que ele se aproveitou de Raul, mas, na verdade, o que parece ter acontecido foi uma simbiose poucas vezes vista na história da música brasileira. 

Na época, Paulo Coelho fazia parte de um grupo satanista e era editor da revista A pomba, que misturava misticismo com mulheres peladas. Era um hippie, que andava de sandálias e com cabelos desgrenhados, vivia com duas mulheres e transava todo tipo de droga. Raul Seixas era careta, andava bem penteado, barba feita, terno e gravata, pasta 007 e nunca experimentara nenhum tipo de droga e não tinha qualquer contato com sociedades místicas. Ou seja: um era o oposto do outro. 

Raul queria publicar um texto sobre discos voadores e pretendia convencer Paulo a escrever músicas para ele, pois já pensava em abandonar a vida de executivo para se tornar músico em tempo integral. Paulo só aceitou jantar na casa do futuro parceiro porque pretendia arrancar dele um anúncio da CBS para sua revista. Ao entrar no apartamento, Paulo percebeu que estava em um programa de índio: "É tudo caretinha, tudo bem-comportado", escreveu em seu diário. "Serviram umas cumbuquinhas com salgadinhos... há anos que eu não janto na casa de ninguém que tivesse cumbuquinhas com salgadinhos". Quando Raul pediu para ele ouvir algumas músicas, Paulo pensou: "Puta merda, ainda vamos ter que ouvir música?". Mas, no final, ele gostou muito do que ouviu. Acabaram virando parceiros e Paulo foi, aos poucos, mudando Raul: apresentou a ele as drogas, o satanismo, todo o pacote. Enquanto Raul ia virando o maluco beleza, Paulo ia encaretando: abandou o satanismo depois de um encontro com o diabo, largou a cocaína e depois a maconha. Como numa imagem de yin-yang, os dois eram opostos que se complementavam e, quando um mudou, o outro mudou também, voltando a se tornarem opostos. 

Entre os que não são leitores frequentes de Paulo Coelho, essa parte da parceria deve ser o ponto mais interessante do livro. Mas para quem chegou até ali, é impossível largar. Com incomparável maestria, Fernando Morais sequestra o leitor, que só larga o livro na última página. O grande interesse dali em diante é saber como, apesar de todas as dificuldades iniciais, Paulo se tornou um dos escritores mais populares do mundo.

A narrativa nesse ponto lembra o filme Ed Wood, de Tim Burton: uma fábula sobre alguém que acredita em um sonho e consegue realizá-lo indo contra todas as expectativas. 

Na busca pela fama, Paulo comete dois pecados capitais: o plágio e o uso de ghost writer. Ainda na década de 1960, em Aracaju, pedem a ele que escreva um artigo contra a ditadura para publicar num jornal local. Sem tempo ou inspiração, ele simplesmente chupa um texto de Carlos Heitor Cony. Quando, já na década de 1980, lança seu primeiro livro,Arquivos do Inferno, um dos capítulos era uma suposta piscografia do inquisidor espanhol Tomás Torquemada defendendo a tortura. Mas, na verdade, era um plágio do livro A verdade sobre a inquisição, de Henrique Hello.

O segundo livro de Paulo Coelho também revela uma situação grave. Como havia feito cursos sobre vampiros na Inglaterra (onde viveu uma relação a quatro com sua esposa, uma japonesa e o compositor Peninha), ele foi convidado a escrever um livro sobre o assunto para a editora Eco. Paulo aceitou dividir a autoria com o jornalista Nelson Liano Jr., que dera a ideia do livro, mas não conseguiu escrever seus capítulos. Recorreu, então, a um amigo, Toninho Buda, com a promessa de que o nome dele seria creditado. Toninho Buda não recebeu nada pelo trabalho e seu nome não apareceu em lugar nenhum da publicação. 

Finalmente, com a publicação de O Alquimista, veio o sucesso estrondoso e começou uma nova situação: a relação com a crítica. Enquanto lá fora Paulo Coelho recebe elogios até de Umberto Eco e tem textos ilustrados por Moebius, aqui ele é uma unanimidade ao contrário: absolutamente todos os críticos literários odeiam sua obra. Quando se pensou em adotar suas obras em escolas públicas, o Jornal do Brasilpublicou uma charge em que um estudante vê crescer orelhas de burro ao ler O diário de um mago. A Folha de São Paulo chegou a dizer que seus escritos não eram nem mesmo subliteratura. Quando foi entrevistado pelo programa do Jô, a produção se apropriou de um texto de Arthur da Távola, no qual o cronista encontrava vários erros de revisão em O diário de um mago. Uma atitude antiética que beirava o sensacionalismo puro (afinal, falar mal de Paulo Coelho dá ibope). 

Quando uma professora de literatura resolveu fazer uma tese sobre O Alquimista, foi hostilizada pelos colegas. A banca a acusou de ter escrito um trabalho simpático ao escritor (como se isso fosse crime): "Diziam que Paulo Coelho me pagara para escrever a tese, que eu era amante dele!". 

Um linchamento público tão unânime lembra mais preconceito do que opinião literária. Paulo Coelho parece estar sendo vítima do sucesso, que torna os intelectuais incapazes de avaliar sua obra. Isso já aconteceu com Monteiro Lobato, Roberto Carlos e Mauricio de Sousa. É possível que daqui a alguns anos seu trabalho seja redescoberto. Ou não. De certo, apenas uma coisa: a biografia do escritor é um livro delicioso e intrigante, com um personagem tridimensional, cheio de qualidades e defeitos, que viveu os anos loucos da geração hippie, foi torturado pela ditadura, internado em um asilo para loucos e sobreviveu para ser o escritor brasileiro mais lido do mundo e o mais odiado pela intelectualidade. Leitura obrigatória para quem gosta de boas biografias.


Texto originalmente publicado no Digestivo Cultural