sábado, setembro 17, 2016

Decorar é aprender?

Uma cena que tem sido usada como exemplo tanto pelos adeptos das escolas militarizadas quanto do escola sem partido (ao que me parece, são o mesmo grupo) é de um militar tomando a tabuada de crianças numa escola. A cena é aplaudida como exemplo do sucesso desse modelo ao mostrar crianças sabendo a tabuada de cor. 
Mas a pergunta essencial aí é: isso é aprender? 
A verdade é que decorar a tabuada não é relevante. O que é realmente relevante é o que se faz com a tabuada. Uma pessoa pode saber a tabuada de cor e salteado e ser incapaz de passar um troco. 
Por outro lado, Benoit Mandelbrot não aprendeu a tabuada (de família judia ele passou a infância fugindo dos nazistas e não teve uma educação matemática formal), mas criou a geometria fractal e foi um dos mais importantes matemáticos do século XX. 
Eu nunca decorei a tabuada (quando a professora tomava a tabuada eu tinha um método próprio para responder às perguntas). No entanto, acabei me especializando, dentro do campo da comunicação justamente na teoria da informação, na cibernética e teoria do caos, todas de base matemática.
Entender a lógica por trás de algo é muito mais importante do que decorar. Até mesmo um papagaio pode ser ensinado a recitar a tabuada.

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