quinta-feira, julho 27, 2017

Como funcionava a rota de fuga que salvou milhares de intelectuais judeus?



Ao chegar na Europa com 200 vistos e três mil dólares, Fry descobriu que a situação era muito pior do que imaginara. Centenas de milhares de pessoas precisavam de sua ajuda  (e não só 200) e as dificuldades eram imensas. Além disso, o tempo que lhe deram (três semanas) era muito curto para localizar todas as pessoas que precisavam ser salvas.  
Oficialmente, a única forma de sair da França era através da Espanha ou de Portugal. Mas para tanto era necessário um passaporte válido e uma série de vistos: o de saída francês, um salvo-conduto para a fronteira; um de trânsito espanhol e outro português e, finalmente, um visto que permitisse a entrada da pessoa em um país que a aceitasse. A maioria dos refugiados não tinha passaporte, além de ser muito difícil encontrar um país que permitisse a entrada de judeus.
Após tomar a decisão de ficar o tempo necessário para salvar o maior número de pessoas, Fry tentou inutilmente obter o apoio das autoridades americanas na França, mas logo percebeu que não receberia nenhum apoio oficial. Ele então alugou um escritório onde passou a funcionar o “Centro de Assistência Americano” (American Relief Center) e conseguiu reunir um pequeno, mas dedicado grupo.
Muitos se juntaram a ele, entre eles Mary Jayne Gold, uma linda herdeira de Chicago que usava sua beleza, quando necessário, para pedir que “olhos se fechassem” na hora certa.
Fry em pouco tempo conseguiu montar uma eficiente rede clandestina de fuga, via Lisboa. Conhecia a importância de um passaporte, um visto ou uma carteira de identidade francesa. Tentava obtê-los através de seus contatos. Vladimir Vochoc, cônsul tcheco em Marselha, sempre pronto a dar um passaporte com nome falso para os inimigos do Reich. Quando não conseguia com ele, Fry recorria a falsificadores e contrabandistas que aceitassem traficar pessoas.
Após o general Pétain anunciar que a França de Vichy iria colaborar com Hitler, aumentaram os riscos para Fry e sua equipe. Ele ignorou várias advertências feitas pelo governo norte-americano, que o considerava um “encrenqueiro” e queria que voltasse para os Estados Unidos.

Em setembro de 1941 Fry foi preso pela polícia francesa, sendo expulso do país com a anuência da Embaixada norte-americana. 

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